top of page
Captura_de_Tela_2020-10-25_às_17.11.20

Luto? Mas quem morreu?

  • Foto do escritor: Cleber Campos
    Cleber Campos
  • 18 de abr. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 12 de ago. de 2021


ree

Tenho certeza que você já ouviu esta: “para morrer bastar estar vivo”. E você também já deve ter ouvido: “a morte é a única certeza da vida”, “a morte faz parte da vida”

Essas e outras tantas colocações sobre a morte, estão presentes em nosso cotidiano. A cultura ocidental (a nossa cultura) traz essa ideia de morte como natural, desde que seja na casa do vizinho. “Morrer é natural só que longe da minha casa, pois aqui cultuamos o belo, o saudável, preferência sem dores, dobras e rugas”. Logo, pensar na finitude do corpo é inconcebível para nós.


Sendo assim, optamos por um ritmo de vida, que nos faça esquecer a dor, a possível falta de controle, o cuidado com o corpo, o cuidado com a mente, o cuidado do amor que faz amar e das pessoas favoritas que fazem parte da nossa vida. Ou faziam?


O luto só existe se um dia existiu amor, presença, cuidado.

O luto é o preço do amor que um dia foi vivido na carne.

Digo na carne, pois amar transcende, não se deixa de amar quando os olhos deixam de ver a imagem do corpo falante aqui e agora - AMAR TRANSCENDE!

Luto é saudade, mas não uma simples saudade, e sim uma saudade inflamada que dói.

Respire, chore, sinta, as vezes de pé com o cabelo escovado, as vezes na cama, não deu para levantar hoje. Ok, tudo bem. LUTO É PROCESSO, tem começo, meio e fim.

E no meio disso tudo, tem as tais fases:

- Negação

- Raiva

- Barganha

- Depressão

- Aceitação

Mas não necessariamente nesta ordem e sem muito critério de permanência estatística. mesmo que essa venha de uma valiosa meta análise.


O nosso ritmo de vida e de viver, esta corrompendo nosso processo de morte e morrer.

"Perdeu a luta contra a COVID 19, contra o câncer..."

Experimente dizer:

Ganhou a vida, viveu, e nesta manhã ele partiu.

Estrelou um espetáculo que hoje chegou ao fim.


Não é romantizar, não é achar que não vai doer, é só parar de agir como se um dia todo mundo fosse perder, fracassar e hoje foi o ______ que perdeu a luta. Não é justo, não é digno, e pode ter certeza que as pessoas que amaram, digo, que AMAM o _______, preferem que ele seja lembrado com louvar e não com penúria.


A ideia de morte que a cultura ocidental construiu ao longo da história, não contribuiu em nada para que o morrer seja visto como algo natural, que de fato é. Vale lembrar que, sentir saudades, angústia ou aquela sensação de não conseguir aguentar a ausência e tão natural quanto o morrer. O luto é um processo que deve ser vivido, colocar a morte como fenômeno natural não quer dizer em hipótese nenhuma que o luto não exista ou não traga com ele muito sofrimento. O luto deve sim ser chorado, comentado, sofrido, vezes lembrado com sorrisos e humor, ou seja, vivido.


O que destaco aqui é o quanto o nosso ritmo de vida e de viver, corrompe nosso processo de morte e de morrer. "Perdeu a luta pela vida" como se nada tivesse valido a pena, foi embora o perdedor? Não! Repense essa visão de morte. É difícil remar contra a maré, e em meio a tantas exigências do cotidiano, parar e refletir. Mas é preciso. É saudável.


Comece hoje. Muito provavelmente você não irá se tornar um monge Tibetano, o máximo que pode acontecer é você aceitar melhor os momentos de dor, passar por eles com mais sabedoria e autoconhecimento e com isso, certamente valorizará ainda mais os momentos de alegria e felicidade que o sol te proporciona todos os dia que ele insiste em nascer para você.

 
 
 

Comentários


whatsapp_icone.png
bottom of page